segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Direção Segura


Assim como o calor, as chuvas e, conseqüentemente, as enchentes são freqüentes nessa época do ano. Na semana passada, por exemplo, os motoristas de São Paulo tiveram de enfrentar ruas alagadas e trânsito ainda mais lento. E são nessas horas que o carro é mais exigido. Para não ficar no meio do caminho, certos cuidados com o veículo e algumas normas de conduta no trânsito podem evitar que os planos de quem enfrenta ruas alagadas ‘‘entrem pelo cano’’.
Mais do que prevenir acidentes, manter o carro bem conservado é a certeza de que ele não quebrará nos momentos em que o motorista mais precisar dele. Uma das principais recomendações de mecânicos especialistas é de que, ao perceber que a rua está alagada, o motorista encoste o veículo em lugar mais alto ou espere a chuva diminuir.
No entanto, como isso nem sempre é possível, outra opção é traçar uma rota alternativa nos dias chuvosos, evitando regiões que costumam ficar alagadas. Mas, se o condutor tiver de passar de qualquer jeito pela região alagada, o ideal, segundo especialistas, é manter a aceleração constante e trafegar devagar, em segunda marcha, no máximo.
Trabalhando há mais de 45 anos no setor de reparo automotivo, o gerente da Martelinho Express, Élvio Roberto Latorre, alerta que, se o nível da água estiver na metade da roda do veículo, é melhor não se arriscar. De acordo com ele, a avaria mecânica mais comum nos dias de enchente é conhecida como calço hidráulico, que consiste na entrada de água no motor. Com o sistema encharcado, o pistão empena a biela e, conseqüentemente, trava o motor.
“Isso acontece porque quando o carro morre o motorista, quase que instintivamente, dá novamente na partida. Pronto, o motor puxará a água que estiver em contato com o sistema e é formado o calço”, explica Latorre.
Para que isso não aconteça, o gerente conta que o nível de segurança é baseado de acordo com as tomadas de ar e filtros do veículo. Como isso é diferente em cada modelo, o recomendável é ultrapassar os níveis de água inferiores a 30 centímetros.
“A água pode entrar tanto pelos filtros como pelo escapamento. Na dúvida, não arrisque. Os estragos do calço hidráulico podem passar de R$ 1 mil”, diz o mecânico ao mencionar que a única solução para o calço hidráulico é realizar a retífica no motor.
Latorre explica que algumas panes mecânicas não aparecem de imediato. “Às vezes, o motor vai apresentar algum problema relacionado à enchente semanas depois”.
O diretor da ARM Auto Recuperação de Motores e Serviços, Luiz Fernando Napolitano, lembra que um dos erros mais comuns nos dias de chuva é seguir filas nas ruas alagadas.
“Se o carro da frente parar no meio do alagamento, o que vem atrás parará também. O ideal é deixar uma distância segura para o outro veículo, de modo que seja possível desviar. É sempre bom deixar alguém passar primeiro, para observar se há algum buraco na via e se o nível de água não está alto demais”.
Napolitano frisa que, após enfrentar alagamentos, é importante que o carro fique funcionando por um certo tempo, para a retirada da umidade do sistema. “O recomendável é revisar o veículo depois da enchente, limpar o sistema e substituir os fluídos. Itens como faróis, borrachas de vedação, pneus e desembaçador também devem ser checados”.
Entretanto, se o automóvel ficar “ilhado”, ambos os especialistas afirmam que o valor do conserto ficará bem mais pesado. “As seguradoras dão perda total em 90% dos carros que ficaram boiando nas enchentes. Agora, se o carro não é segurado e ficou alagado, não tem jeito: tem que desmontar o automóvel praticamente inteiro. E mesmo assim, o odor pode ficar impregnado no veículo”.
SEGURO
As seguradoras deixam claro em seus contratos que, se ficar comprovado que houve imprudência por parte do motorista, os proprietários correm o risco de não receberem o prêmio.

O gerente de seguros de Autos da Porto Seguro Seguros, Marcelo Sebastião, explica que mesmo as apólices mais simples já cobrem o veículo contra submersão parcial ou total em água doce. Porém, o motorista também tem suas obrigações.
“O ideal é evitar estacionar o veículo em locais com probabilidade de inundação. Se isso não for possível e o carro se encontrar alagado, também não se deve tentar ligá-lo em hipótese alguma. Outra recomendação é não tentar atravessar locais alagados, pois há a possibilidade do veículo flutuar e ser arrastado pela enxurrada, o que coloca em risco a segurança do motorista e de seus passageiros”.
Sebastião frisa que em situações de o veículo ficar alagado o segurado deve acionar seu corretor de seguros ou a central de atendimento da empresa, solicitando um guincho para levar o veículo para um local seguro. “Em dias de chuva a quantidade de ligações na central de atendimento aumenta cerca de 20%”, analisa.
Ele conta que o segurado poderá levar o veículo à oficina de sua preferência, mas não deve autorizar o conserto antes da liberação da seguradora. A liberação será feita por um técnico da empresa, que avaliará se o veículo pode ser recuperado ou se houve perda total.
Texto extraido dos Classificados Porto Seguro