segunda-feira, 28 de março de 2011

O Brigadeiro que virou Griffe

Jornalistas_08Bom dia!!!!!! Queridos amigos,dando continuidade a este MES tão delicioso que o da Pascoa, li uma materia de sucesso utilizando nada mais que o Brigadeiro...leiam....

O brigadeiro, docinho genuinamente brasileiro, deixou de ser associado à festas infantis e alcançou o status de guloseima sofisticada. Atualmente ele ocupa um espaço que já foi de trufas, macarrons e cupkakes. A sobremesa reconquistou os brasileiros e lojas especializadas começam a aparecer em shoppings e regiões nobres de São Paulo. A precursora do movimento que resgatou o doce da infância e o elevou a petisco gourmet, Juliana Motter, 33 anos, não imaginava que a sua paixão infantil pudesse um dia se transformar em um negóciocom grande potencial de lucros. Dona da marca Maria Brigadeiro, especializada em versões exóticas do doce , Juliana chega a receber propostas de investidores querendo transformar a sua pequena empresa em rede de franquias. O curioso, assim como toda a história que a motivou a se aventurar no universo dos negócios, é que a empresária ainda não quer transformar a charmosa loja que possui em uma rede. "Ainda não vejo como aceitar o crescimento em rede sem penalizar o doce ou o consumidor. E isso eu não vou fazer até que eu encontre uma forma de vender brigadeiro gourmet sem interferir na essência da receita”, explica. O brigadeiro gourmet, expressão usada pela própria Juliana para nomear as diferentes versões que o doce ganhou, trata-se de uma revisita à receita tradicional com ingredientes inusitados e altíssima qualidade. “O pistache usado em uma das receitas, por exemplo, vem de da Itália”, diz a proprietária da marca. 


Vida de empresária 
Editora Globo
Juliana Motter, dona da marca Maria Brigadeiro
Juliana Motter, formada em jornalismo e gastronomia, era editora de uma revista feminina quando uma conjunção de fatores culminaram na criação da Maria Brigadeiro. O charmoso atelier, localizado na Zona Oeste de São Paulo, nasceu de forma despretensiosa. Em meio ao fechamento da edição da revista que trabalhava, a doceira eventual preparou cinco diferentes versões de brigadeiro para o aniversário do filho de uma amiga. Os convidados ficaram impressionados com diversidade e o requinte dos doces. Quando a quinta pessoa perguntou se ela os vendia, a jornalista, brincando, confirmou. Um dia depois, no trabalho, ela recebeu uma ligação com o pedido de sua primeira encomenda: 1000 docinhos e o prazo de uma semana para entregá-los. Instinto e vergonha de dizer que tudo não passava de um gracejo fizeram com que Juliana aceitasse o desafio. Desde então os pedidos se multiplicaram. “As pessoas achavam que eu estava maluca de largar o emprego em que tinha acabado de ser promovida para fazer brigadeiros”, relembra.
Juliana percorreu o caminho dos pequenos empresários com desenvoltura e, segundo ela, muito instinto. Foi necessário alugar um espaço para preparar o produto e se especializar em cursos de patissière fora do país. “Quase fui despejada do apartamento em que eu morava". Como ainda trabalhava na revista, ela ficou cerca de três meses preparando as encomendas durante a madrugada. Juliana conta que os vizinhos reclamavam por ela cozinhar à noite. De dia, antes de ir trabalhar, tinha que sair com os brigadeiros em uma mala para fazer as entregas e não confirmar as suspeitas da vizinhança. Aos poucos, a empreendedora formou uma equipe para ajudá-la. Hoje, 35 pessoas dividem a tarefa de preparar entre três a cinco mil docinhos diariamente. “Como tudo é feito de forma artesanal e muito cuidadosa para que o doce esteja sempre fresquinho temos que recusar pedidos as vezes", diz a proprietária. Desde a criação da Maria Brigadeiro, Juliana já investiu R$ 250 mil no atelier. 

A empresária, chocólatra assumida, cultiva o hábito de fazer a guloseima desde a infância. Aos seis anos, quando já se aventurava em preparar o doce para festinhas da escola e aniversários, ela ganhou o apelido que virou o nome da grife do docinho. Um pouco por influência da avó, doceira, e muito pela curiosidade, Juliana se especializou em fazer versões diferentes e exóticas do prato. Atualmente, a Maria Brigadeiro têm 40 opções de diferentes no cardápio. Entre eles, figuram misturas aparentemente improváveis. Pistache, gergelim, wasabi, chocolate branco com macadâmia, vinho do Porto, cachaça, entre outros. O trabalho feito é totalmente artesanal. Na única loja que possui, fundada em 2008, os clientes podem observar o produto ser feito, assim como escolher e se esbaldar na degustação do carro chefe dos negócios da empreendedora. 

Expansão que virou dilema 
Editora Globo
Livro escrito pela empreendedora Juliana Motter
O argumento usado por Juliana Motter para convencer os pais de que largar o jornalismo para fazer doce era, sim, um bom negócio se concretizou. Atualmente, o brigadeiro gourmet já está presente em casamentos requintados, em confraternizações de empresas e em lojas. Em São Paulo pelo menos três marcas se dizem especializadas na versão sofisticada do docinho. A Maria Brigadeiro, primeiro atelier do Brasil a fazer brigadeiro gourmet, contesta os artifícios usados pela concorrência. “ Um brigadeiro gourmet não tem prazo de validade de três ou cinco dias. Para o doce não cristalizar e envelhecer ele deve ser consumido de um dia para o outro”, diz a proprietária da marca. 

Basicamente, o tempo de conservação e a logística da entrega do produto, que é extremamente delicado, são freios para a expansão da marca. “Acho uma afronta ao consumidor e aos meus ideais transformar a Maria Brigadeiro em uma franquia, onde os docinhos seriam fabricados de forma industrial e muito do conceito de gourmet que ele leva se perder. Só abrirei uma segunda loja depois de ter certeza que terei condições de entregar um produto com a qualidade que ele deve ter”, conta. 
Editora Globo
Brigadeiro contra TPM. Marca aposta em embalagens criativas
Centrada nas possibilidades e com um certo distanciamento das sedutoras e lucrativas propostas que recebe, Juliana tenta encontrar uma forma de crescer sem ferir convicções que a levaram para o ramo. Atualmente a Maria brigadeiro trabalha com quatro nichos: corporativo, que comercializa para empresas; festas; presentes, com a venda de embalagens personalizadas e consumo. A proprietária da marca já está produzindo também o seu segundo livro de receitas. O primeiro, O livro do Brigadeiro, foi lançado em 2010, pela editora Panda Books ( R$ 36). “Escolher ter um negócio que gera menos lucro é difícil, principalmente quando as propostas são sedutoras. Mas a minha ligação com o brigadeiro é afetiva e, por enquanto, vou respeitar as minhas convicções e procurar alternativas para crescer da maneira que eu acredito ser correta comigo, com o doce e com os clientes”, finaliza. http://revistapegn.globo.com/Revista/Common/0,,EMI221191-17180,00.html