sábado, 2 de abril de 2011

A divisão dos prêmios no seguro.

Quem olhar atentamente a diferença entre o seguro total e um seguro RCF (Responsabilidade Civil Facultativa, o popular seguro apenas contra terceiros) vai perceber algo que parece absurdo. O RCF tem apólices mais básicas, que não cobrem o casco, não defendem o segurado contra incêndio e roubo e apenas o protegem de ter de pagar danos provocados a terceiros. Em média, o seguro RCF de um Gol 1.0 custa 447 reais. A média para um Focus 1.6 é de 444 reais. Isso mesmo, segurar um Focus que custa 49 000 reais é ligeiramente mais barato que defender um Gol que custa 33 000 reais.

Absurdo? Não, apenas uma demonstração de como os seguros funcionam. O preço de um seguro é o resultado de um cálculo estatístico. A seguradora avalia alguns fatores de risco e, a partir deles, calcula qual a probabilidade de o veículo ser roubado ou sofrer um acidente. A partir daí, ela estima quanto terá de pagar de indenização e define quanto vai cobrar do segurado.

No caso do Gol e do Focus, é fácil entender a diferença: o Gol é um veículo muito mais visado pelos ladrões. É um modelo mais barato, mais fácil de vender e o mercado para as autopeças obtidas irregularmente nos desmanches criminosos é muito maior. Por isso, seu risco para a seguradora é maior e suas apólices contra roubo são mais caras.

O tipo do modelo é o principal fator a definir o preço do seguro, sendo responsável por 60% do prêmio cobrado. Acessórios também contam: faróis especiais, sonorização poderosa e pinturas especiais podem elevar o preço, pois são mais caros para substituir em caso de acidente.

Mas ainda há três outros fatores que definem o preço do seguro. O primeiro é o perfil do segurado: seu gênero (homem ou mulher) e sua idade. Não tem jeito: homens pagam mais que mulheres, e motoristas entre 18 e 25 anos de idade terão custo maior que o dos mais velhos. “Mulheres e motoristas mais maduros são mais cuidadosos ao dirigir”, diz Carlos Alberto Trindade, vice-presidente de seguros automotivos da SulAmérica. “Eles oferecem menos risco e por isso seus seguros são mais baratos.”

Como no caso do modelo do veículo, aqui não há nada que o segurado possa fazer para reduzir o preço a pagar, exceto esperar o tempo passar. Gênero e idade respondem, em média, por cerca de 20% do prêmio total do seguro. Em casos extremos – comparando um motorista de 18 anos com uma motorista de 50 –, a diferença para uma mesma apólice pode chegar a 40%. Se o segurado tiver filhos adolescentes, que costumam ser guiados mais pela audácia da emoção que pelo bom senso da razão, ele também terá um risco maior, assim como o preço da apólice.


Manda na garagem
O fator de risco seguinte são diversos itens englobados na maneira de conduzir o veículo. O princípio aqui é mais que óbvio: carros que estão na garagem correm menos risco de roubo e acidentes que carros que estão nas ruas. Assim, quanto mais tempo o carro permanece na garagem, menos ele paga de seguro. Na prática, os segurados que têm garagem em casa e no local de trabalho e que não usam o carro para trabalhar pagam menos seguro.



O endereço também conta. As cidades de São Paulo e do Rio de Janeiro são as mais inseguras para os motoristas, não apenas pelo elevado número de acidentes como pela dedicação dos ladrões.“Nessas duas cidades, o cálculo é que 2% a 3% dos veículos segurados serão roubados ou furtados”, diz Marcelo Goldman, diretor da seguradora Tokio Marine, vinculada ao banco ABN Amro. “Em cidades do interior paulista como Ribeirão Preto, por exemplo, esse percentual cai para menos de 1%.” O bairro em que o segurado mora também faz diferença. Dois irmãos gêmeos com carros absolutamente iguais serão tratados de maneira desigual. Se um deles morar na zona leste da capital paulista, vai pagar mais caro que o que ocupa um endereço na zona sul. O endereço responde por cerca de 10% da formação do preço final e não há muito que o segurado possa fazer, exceto ligar para um corretor de imóveis e trocar de casa.

Finalmente, o terceiro fator que influencia o preço é a instalação de equipamentos de segurança. Essa é a única maneira que o cliente tem de reduzir de fato o prêmio pago. Os melhores exemplos são os rastreadores, que permitem localizar o carro imediatamente em caso de furto, e as vacinas – identificação das peças do veículo, para impedir que sejam desviadas para desmanches ilegais. Esses equipamentos, algumas vezes instalados pela seguradora sem custo, podem reduzir em até 10% o valor do prêmio pago.

fonte
http://quatrorodas.abril.com.br/QR2/autoservico/seguros/premio.shtml